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13 de out. de 2008

Sobre conjunções

O pensamento, no decorrer das eras, certamente evoluiu impondo à linguagem a necessidade de desenvolver-se também. Mesmo hoje em dia é possível notar o surgimento de novas palavras para definir conceitos e objetos que antes não existiam. Há palavras que também caem em desuso, por serem substituídas ou simplesmente porque os objetos e conceitos a que se referem deixaram de existir ou foram superados. Uma boa alegoria sobre isso é encontrada no livro “Emília no país da gramática”, de Monteiro Lobato.

Provavelmente as primeiras palavras criadas foram interjeições, que parecem existir entre os próprios animais (não que existam), e substantivos concretos, pois a necessidade de nomear os objetos circundantes é verificável até entre crianças. Estas, antes de conseguirem usar o código desejado, ou seja, a língua materna, tentam articular os sons imitando os adultos. Aparentemente estão sempre à cata de substantivos, coisa nunca negada pelos mais velhos, os quais acabam revivendo as origens da linguagem, quando ao tentar fazer evoluir o grau de entendimento e uso da língua por parte dos pequenos, são flagrados estabelecendo uma comunicação bem simples: “mamãe, mã-mã-e; pa-i, pa-pa-i”. Então acabam aparecendo os adjetivos e advérbios, geralmente como sinal de alerta: “não, sujo; feio”. Na verdade o advérbio “não” deve ter surgido antes de muitos substantivos, pois expressar contrariedade faz parte da comunicação não-verbal e se traduz por palavras curtas, quase onomatopaicas.

Em um ponto mais avançado desse processo, os numerais cardinais vão sendo apresentados (ver observação) e compreendidos aos poucos com o auxílio de gestos. Entre os numerais fracionários, pelo menos o mais fácil de se compreender: a metade (1/2) – provavelmente será apresentada na hora das refeições. Os artigos terão sua essência captada por mera observação, sem muito esforço, assim como os pronomes pessoais.

Dessa forma as crianças de agora vão se apropriando da conquista mais importante do ser humano: a linguagem. Após reviverem seus rudimentos durante um curto período, apropriam-se de seus refinamentos, fruto de séculos de seu uso coletivo. De acordo com uso que farão dela, produzirão, então, um repertório próprio.

Possivelmente a última categoria de palavras a surgir, estando, portanto, ao final dessa cadeia evolutiva, sejam as conjunções. Mais do que promover o elo entre orações, a partir desse elo, as conjunções acabam por conferir um sentido bem particular à mensagem.

Tomem-se como exemplo as duas orações a seguir:

1a - Essa bicicleta é bonita.

2a - Essa bicicleta é cara.

Juntas formarão períodos compostos por meio de diferentes conjunções:

1 - Essa bicicleta é bonita e (essa bicicleta) é cara.

2 - Essa bicicleta é bonita, mas é cara.

3 - Essa bicicleta é bonita embora seja cara.

O primeiro período refere-se a uma constatação; o segundo, por causa da conjunção “mas”, apresenta implicitamente uma idéia mais elaborada. Caso a intenção fosse a de comprar a bicicleta, o emissor, ao enunciar dessa forma, daria a entender sua inclinação contrária à compra do objeto. Isso não ocorre no terceiro período, em que a conjunção “embora” demonstra uma leve contrariedade, porém incapaz de mudar sua inclinação à compra do produto.

Refletindo-se a respeito das conjunções, é impressionante perceber seu potencial para criar significados tão relevantes a enunciados, mesmo se tratando de palavras tão simples em suas características morfológicas: não têm gênero, grau (aumentativo / diminutivo) nem número (singular / plural).

Estudar as conjunções no intuito de simplesmente nomeá-las é o mesmo que estudar as propriedades da água para defini-la sem que se possa bebê-la. O potencial nelas encerrado é extremamente significativo em termos de expressão, chegando a ser indispensável em certos enunciados para construção de clareza e lógica.

Para o desenvolvimento das potencialidades do pensamento, a importância das conjunções é comparável às conquistas propiciadas pelo polegar opositor. Graças a ele o ser humano pôde e pode criar e manipular ferramentas que contribuíram e contribuem para evolução da humanidade. No campo do pensamento, no entanto, grande parte dessa responsabilidade fica para as conjunções. Elas são somente instrumentos, saber usá-las compete a quem deseja aprimorar-se na capacidade de entendimento, reflexão e produção de sentido por meio da palavra.

* Observação: a evolução da matemática, no que concerne à contagem, deu-se de diferentes formas de acordo com os diferentes povos. Sabe-se da existência de línguas que não possuem mais do que nomes para os números de um a dez, pois seus falantes não encontravam necessidade em usar mais do que isso; diferente de povos dedicados à criação de víveres, que precisavam contar seus animais. Portanto os numerais são introduzidos na linguagem de acordo com o valor que determinada cultura lhes atribui.

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