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30 de set. de 2008

Sobre dissertação

Não há momento em que não estejamos pensando. Pode-se até chamar isso de um dom do ser humano. Porém pensar bem, com critério, de forma a construir um raciocínio, já é algo bastante diferente e não tão comum assim. O objeto a que visa o raciocínio é uma certeza, é uma afirmação ou negação sustentada por uma lógica que sobreviva a argumentos contrários, impondo-se como razão.

Apesar de se buscar a certeza por meio de ponderações próprias ao raciocínio, não raramente, quando tal busca é sincera, muitas certezas se desfazem dando ensejo a dúvidas. Ou seja, quem estiver disposto a pensar de forma refletida tem de enfrentar o incômodo de substituir certezas por dúvidas. No entanto o contrário também ocorre, recompensando a boa vontade do entusiasta do universo das reflexões.

Dissertar é empregar a palavra de forma a criar uma lógica por meio do encadeamento de pensamentos, constatações e observações. Dissertar também pode envolver o emprego lógico da palavra na desconstrução de "lógicas", o que em suma não deixa de ser a mesma coisa.

O fato é que as palavras encerram conceitos que necessariamente devem ser bem entendidos quando utilizados em determinados contextos propostos em uma dissertação. Do contrário, o raciocínio fica comprometido, bem como tudo o que dele advém.

Construir uma reflexão com base em um conceito mal-interpretado passa a ser o mesmo que erigir uma fortaleza apoiada em vigas ruídas por cupim. É questão de tempo até que a fortificação, ao invés de proteger, prejudique os seus usários e até outros. O prejuízo é certo, e suas proporções dependem somente do tamanho daquilo que for erguido sobre essas vigas. A História nos fornece boas pistas. Os discursos nazistas, por exemplo, tiveram suas vigas e fundação apoiadas sobre conceitos de humanidade completamente equivocados, nem é preciso discorrer sobre suas conseqüências funestas.

Quando não submetidos à reflexão, conceitos geram crenças e paradigmas que motivam ações equivocadas, e isso, em maior ou menor grau, afeta o mundo em que vivemos.

Ao escrever uma dissertação, nada mais fazemos do que refletir, ponderar, confrontar idéias e observar fatos a fim de construir conhecimento. Este último muitas vezes se verá refletido em nossas atitudes. Por esse motivo, uma redação dissertativa não são somente linhas preenchidas com “o que eu acho”, é, sim, um exercício mais do que necessário para quem quer deixar o limbo do pensamento e enveredar pelo caminho às vezes espinhoso, mas sempre gratificante, da reflexão.

Analisemos agora alguns conceitos que podem gerar conclusões equivocadas:

“Fulano é de origem humilde.”

Essa é uma expressão comumente ouvida e, portanto, repetida sem ser submetida a uma reflexão mais aprofundada.

Considerando-se que a humildade seja uma virtude, a partir dessa afirmação pode-se presumir que a origem de fulano faz dele uma pessoa até certo ponto virtuosa. Disso é possível concluir que todo aquele que tem origem humilde é também virtuoso. O que gera o pensamento de que qualquer um de origem “não-humilde” tem fatalmente uma falha em seu caráter. Ora, o contrário de origem humilde é origem orgulhosa.

Humildade e orgulho nada têm a ver com origem. Há pobres orgulhosos e ricos humildes, mas por que não se diz que fulano é de origem pobre?

Talvez porque o conceito de pobreza de alguma forma tenha contaminado o conceito de caráter, e dizer que determinada pessoa é pobre tornou-se uma ofensa.

Há quem imagine que dizer que alguém é negro também seja ofensivo, para estes o uso de eufemismos acaba sendo o único recurso: fulano de cor, moreno...

Imagine como ficaria então o livro de História: “os escravos de cor / escravos morenos foram trazidos ao Brasil.

Existe também quem acredite que os negros foram os únicos a serem escravizados.

Observe um conceito de limpeza um tanto perigoso:

“Sabe-se que a água está limpa se forem constatadas essas caraterísticas: não ter cheiro, cor nem sabor (inodora, incolor e insípida).”

Antes de bactérias, vírus, enfim, o universo microscópico ser conhecido, não haveria problema nenhum na afirmação acima.

Examine essas outras afirmações:

“Toda mulher sonha em ser mãe.”

“Ter dinheiro é ser bem-sucedido.”

“Quem não sabe escrever bem é porque não pensa bem.”

“Quem fala errado é ignorante.”

“O brasileiro é preguiçoso.”

“Maus filhos tiveram maus exemplos dos pais.”

“Pais separados não dão boa estrutura para o desenvolvimento dos filhos.”

“Ao mimar os filhos, demonstra-se amor.”

“Homem de verdade não faz as tarefas domésticas.”

“O homem que gosta da cor rosa é homossexual.”

“Estar armado é estar protegido.”

“Toda mãe ama seus filhos.”

"Ser traído(a) é motivo de vergonha."

"Mulher que teve muitos namorados não presta."

"Homem que teve muitas namoradas é conquistador."

"Ele é (negro, japonês, homossexual, pobre, rico etc.), mas é uma boa pessoa."

Todas essas frases declarativas (afirmativas ou negativas) encerram conceitos questionáveis facilmente encontrados em nosso dia-a-dia. A lógica que as sustenta pode e deve ser "desconstruída", pois embora a nós pareçam somente frases incapazes de fugir do papel (ou da tela do computador), motivam ações e comentários preconceituosos.

Você seria capaz de apontar os tipos de atitudes motivadas por tais afirmações e a forma lógica de desconstrução desses conceitos?

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